Podemos dividir a resposta a essas perguntas em 2 partes:
1) Fatores que estão no seu controle e
2) Fatores que não estão no seu controle.
Tudo o que você estudou e fez em relação a música tem importância aqui. O principal fator no caso desse post é o estudo de técnica vocal.
Pelo trabalho e fortalecimento dos registros vocais (simplificadamente – voz de peito, voz mista, voz de cabeça e falsete – mais informações em nosso blog), pela própria escolha desses mesmos registros e misturas ao executar uma música, pelo controle da sua laringe, pelo nível de nasalização que você é capaz de pôr ou de tirar em sua voz, pela posição da sua língua ao cantar – entre outros fatores – você pode alterar significativamente o timbre da sua voz.
Timbre, aliás, é um conceito importante para esse assunto. Veja algumas definições do dicionário Aulete:
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Veja como algumas coisas são interessantes. A palavra tem relação com algo que indica ser sua propriedade. Isso na voz é extremamente importante porque duas pessoas diferentes nunca terão timbres exatamente iguais, podem ser parecidos, mas nunca iguais. O timbre da voz de uma pessoa é como se fosse uma impressão digital.
Outra coisa interessante é que timbre é uma característica do som que é independente de altura ou intensidade. Por exemplo, um piano e um violino (ou duas vozes diferentes) podem estar tocando ou cantando exatamente as mesmas notas nas mesmas intensidades e ainda assim terão características (timbres) diferentes.
De uma forma bem reduzida, poderíamos dizer que o timbre é a “cor” da sua voz, todas as suas características, todos os adjetivos que pudermos dar a ela. Assim como um guitarrista adapta seu equipamento para o repertório que ele vai tocar, um cantor deve achar a melhor postura vocal para um determinado estilo ou música.
Outro aspecto que pode alterar sua qualidade de voz são os cuidados que você deve tomar em relação a sua vocal. Para mais informações, leia esse post.
Mais uma vez, simplificando, nossas pregas vocais funcionam mais ou menos como uma guitarra: sem ligar no amplificador, o som é quase inexistente. O nosso “amplificador” são as cavidades de ressonância do corpo (peito, boca, nariz, cabeça etc.).
Primeiro precisamos dar um passinho atrás para explicar alguns conceitos de acústica.
Nenhuma nota musical (ou frequência) acontece de forma isolada na natureza. O mais próximo que temos de uma nota musical acontecendo de forma isolada é quando programamos um computador para tocar uma onda senóide em uma frequência específica. Esse som é um pouco parecido com um telefone fixo dando linha.
Todos os outros sons que ouvimos na natureza, sons de instrumentos ou vozes, acontecem por uma sobreposição de uma frequência fundamental e várias frequências “parasitas” em intensidades diversas.
Essas frequências “parasitas” são o que chamamos de harmônicos. A série harmônica de um som é composta por intervalos proporcionais fixos (que geralmente são arredondados para facilitar a compreensão). É importante notar que não existe uma única série harmônica, mas sim, uma série diferente para cada frequência fundamental.
E os ruídos?
Pois bem, há vários tipos de ruídos. Uns mais tonais (em que se percebe uma freqüência dominante) e outros menos tonais. Mas a característica comum a todos os ruídos é que há uma amplitude (intensidade) muito grande de várias frequências acontecendo simultaneamente.
Abaixo os primeiros componentes da série harmônica a partir de Dó 1 (cerca de 65.41hz):
Por que isso é importante?
Porque a construção de cada instrumento musical (através dos formatos e materiais diversos) tem um equilíbrio diferente desses harmônicos a partir de cada nota fundamental emitida pelo músico. E isso faz com que cada instrumento tenha um som distinto do outro.
Como cada trato vocal (conjunto de estruturas que nos permite articular e filtrar os sons da nossa fala ou canto – como lábios, faringe, laringe, cavidade oral, cavidade nasal etc.) tem um formato e um tamanho diferente, cada voz em termos de timbre é única também.
Infelizmente não, a não ser que a medicina evolua muito no sentido de fazer cirurgias plásticas radicais no trato vocal ou então por alguma forma de experimento genético.
Substitua esse objetivo de ter a voz igual a de fulano de tal pelos objetivos de cantar tão bem quanto fulano de tal ou então de cantar utilizando os mesmos recursos do seu cantor favorito.
Aprenda a apreciar vozes diferentes (assim como podemos apreciar alimentos diferentes), garanta uma afinação e um ritmo preciso, entenda como técnica vocal pode moldar seu timbre, aprenda a escolher um repertório que se encaixe bem na sua voz (ou componha para sua voz), trabalhe com produtores bons produtores que farão arranjos e escolherão tonalidades que sublinhem os pontos seus positivos como cantor.
Enfim… há um mundo de possibilidades para você ser um ótimo cantor e para você se livrar de algumas besteiras que pode ter ouvido por aí!